Um dia virou ´santo´ e ficou conhecido como São Jerônimo nos anais do igrejismo pedro-paulino, mas era Eusebius Sophronius Hieronymus, nascido em Estridão, região romana na Dalmácia, cerca de 347, pelo calendário catolicizado; viveu como eremita em ilha do Adriático enquanto se dedicava à Retórica e à Filosofia. Quase no final da sua vida (ano 420) estudou a Carta judeo-cristã – a ´bíblia´, com Apolinário de Laodiceia, e daí teve a ideia de traduzir do hebraico o Antigo Testamento, depois conhecido como ´bíblia para leitura dos vulgares, ou comuns´ (a ´vulgata´), e isso obrigou-o a fugir da turba de dementes fanáticos do igrejismo pedro-paulino.
Ele foi e é reconhecido como ´padroeiro´de bibliotecários, enclopedistas e tradutores.
Mais tarde, no Séc. 15, o germânico Johannes Gutenberg projetou e construiu a máquina de impressão, inaugurada com a publicação de uma Bíblia (origem da palavra ´biblioteca´). Já no Séc. 16, Huldrych Zwinglio traduziu a Bíblia para o alemão, publicando 5 exemplares com o gráfico Christopher Froschau, em Zurich; no entanto, no conflito protestante-católico 2 exemplares do livro desapareceram.
Qual é a importância histórica dessa Bíblia de Zurich, de 1519? É que ela é a única com o Velho e o Novo Testamento e 13 cartas apócrifas. Restaram 3 exemplares, cada com um valor de mercado estimado em USD$ 42 milhões: um exemplar está nas Nações Unidas (ONU), outro na Catedral de Grossmünster- Zurich-Suíça, outra com o cacique-músico cafuso, brasileiro, Robson Miguel / Tukumbó Dyeguaká Kamba´i, e agora com Urandir Fernandes de Oliveira, fundador da empresa Ecossistema Dakila, que iniciou nesse objeto histórico uma restauração minuciosa.
Para além do objeto em si, a Carta judeo-cristã, vulgo Bíblia, também envolvida na origem do Islamismo (ou, como se diz, ´os 3 livros sagrados´, pela adaptação igrejista efetuada), mostra como a ´carta bíblia´ passou de mão em mão, desde a 1ª fase, 100 anos após a morte de Jesus, do qual conhecemos partes do que se conhece como Palavra Jesuana sendo o resto insinuações pedro-paulinas para a construção de uma Igreja nos moldes imperiais romanos; e a 2ª segunda fase, a ´carta´ adaptada a diversos igrejismos entre o templo-estado e o templo economicamente exotérico, nada a ver com a Palavra Jesuana. O objetualismo eclesiástico pedro-paulino, como muito bem observava o filósofo português Manuel Reis (1936-2025), tentou apagar a memória fraternal-universalista de Jesus em prol de um igrejismo materialista, templário e belicista, não amorosamente espiritual.
Por isso, a leitura da Carta judeo-cristã levada ao mundo por Jerônimo, e por Gutenberg e Froschau, e a Bíblia de Zwenglio tornou-se importante, pois que é o registro histórico de um fundamentalismo imperial que não deve servir de exemplo moral.
- C. Macedo Jornalista e Poeta
Notas Huldrych Zwinglio – o protestanre, tinha uma convicção humanista da divindade: “a bondade essencial da pessoa –, que faz com que ela não precise de impulsos para chegar a Deus, pois, ela nasce em condições de o fazer por si mesma”.
No ano 1531, Zwingli morreu na batalha de Kappel, como capelão das tropas de Zurique. O conflito opôs 6 regiões de reformadores a outras 5 que defendiam o igrejismo catolicizado.