QUEM TEM MEDO DA HISTÓRIA…?

O poeta, cineclubista e jornalista C. Macedo escreveu:

“…e uma História não se faz na mesmice d´ignorantes, faz-se d´Aventura pelo futuro da Pessoa que o é no presente

[1981.Guimarães, capital histórica de Portugal].

 

Existe uma verdade: a História é feita de circunstâncias humanas e às vezes em torno de eventos cósmicos que lhe são adversos, mas, sendo a Pessoa humana produto dessa geofísica galáctica, ela progrediu a gerar assentamentos geossociais e, em tais sítios, narrativas várias por rios arribas e florestas adentro, e tendo na lâmina d´oceanos uma maresia de questionamentos a começar pelo “E afinal, quem sou eu, no meio desta flora e desta fauna?”…

Diante disto e da documentação que forma a biblioteca do Conhecimento adquirido, questiona-se: Quem tem medo da História?…

Tem medo da História quem se quer penas como Pessoa sapiens, que gosta de estar e nunca ser para não tomar decisões próprias ou na/pela Comunidade e age, sempre, pela voz de outrem. E assim, quando a Pessoa sapiens-sapiens pesquisa e faz descobertas sobre a circunstância do sítio-raiz, isso incomoda a estúpida ignorância até de agentes públicos que optam por estar à sombra do “…ei, deixa isso do antigamente pra lá, sempre vivemos com o que sabíamos, e pronto. Pra quê mexer nisso?!…”.

A leviandade do estar que nega a si mesmo a história própria prejudica até quem vive para ser e precisa da sua historiografia de sítio-raiz e entender a cidade e a nação.

Duas figuras da intelectualidade lusófona (entendendo-se aqui o que é a Língua portuguesa sob culturas diferentes), o brasileiro Masimo Della Justina e o português Manuel Reis vêm provando ao mundo que o vago estar não resolve vivências, o que resolve é ser diante da história própria. O que os (e nem tão poucos assim…) não-institucionais grupos noéticos de leitura e ação sociocultural têm desenvolvido para além das perseguições ideológicas.

O que se vê, e ainda muito, infelizmente, é “…a má vontade de agentes públicos em aceitar adequar a história loca/regional aos novos conhecimentos adquiridos em pesquisas que não passam pelo crivo acadêmico, mesmo quando geradas por acadêmicos”, como dizia o professor e cientista Aziz Ab´Sáber [in “É Preciso Envolver Mais As Universidades Nas Pesquisas Alternativas”, em palestra na redação do jornal Treze Listas / TzL, c/ J. Barcellos e W. Paioli. Cotia/Br.,1991].

E isto, anote-se o exemplo…, aplica-se à própria Cotia, cujos intelectuais nativos, como o arqº Mário Savioli, acaba de apresentar o livro A Cotia Das Duas Capelas, primoroso estudo que altera a cronologia historiográfica da municipalidade. E isto, também, leva-me a questionar novamente: Quem tem medo da História?!…

Foto de João Barcellos

João Barcellos

Publicou o primeiro livro em 1968 e, no mesmo ano iniciou atividade jornalística, cultural e tecnológica. No Brasil, desde 1988, foi co-fundador do jornal O Serigrafico, Jornal Corpus, das revistas Vida & Construção e Impressão & Cores. Literariamente, coordena as coletâneas Palavras Essenciais e Debates Paralelos (ambas com 15 volumes). É co-fundador da agência Koty Marketing (2020).